RUNA E AS SUAS ESTÓRIAS

Pedro cresceu em Runa. Viveu ali… 37 anos. As gerações que ali viveram regridem até aos seus bisavós, as suas raízes são bem profundas. Traz Runa no coração. O amor que tem pela aldeia é imenso. 

Atualmente existe um pequeno, mas grande movimento chamado “A Baloiçar”, Pedro conhecia já alguns, embora já tenha tido a ideia de criar um baloiço como forma de atrair pessoas, de dinamizar aquele local, mas principalmente o de dar a conhecer Runa.

Isto foi o que o Pedro fez. Mas existem muitos outros "Pedros" em Runa, com Runa no coração, ansiosos por mostrar os cantos e recantos cheios de encantos desta aldeia entre montes e vales.

Foi no final de 2020, propôs a colocação de um baloiço ali, no topo da Quinta do Penedo. A ideia surgiu em aliar o Parque de Caravanas (ainda em projeto) ao baloiço, ajudando a uma maior dinâmica de pessoas e ajudando a economia local, além de ajudar a divulgar o património de Runa. 

A vista é fenomenal. Dali avista-se montes e vales. Fica ao lado do Moinho da Mascote ou comumente conhecido o Moinho do Balofo. Só para os nossos ávidos leitores, o nome “Balofo” é devido a um senhor que em tempos era o responsável pelo moinho. 

Runa tem um vasto património. A Princesa Maria Benedita, filha mais nova de D. José I e esposa de D. José, Príncipe do Brasil, mandou ali edificar um Palácio que seria para sua residência e, um hospital, um asilo para os caídos em batalhas ou para quem não reunia condições psicológicas para prosseguir a sua vida em sociedade.

Runa, vista a partir do Moinho do Balofo (ou da Mascote)

Palácio da Princesa Maria Benedita, atual CASRUNA (Centro de Apoio Social de Runa)

No hospital trabalhava o Dr. Aurélio Ricardo Belo, posteriormente tornou-se numa pessoa fundamental que contribuiu com um espólio imenso para o museu da cidade. Na altura em que o médico exercia funções naquele hospital nos seus tempos livres fazia algumas caminhadas… e, muitas vezes acabava por encontrar pequenos artefactos enterrados. Foi algo que lhe suscitou curiosidade. As crianças na altura eram muitas ali, e, no meio do campo, elas querem é brincar, surge então a novidade, o Senhor Doutor entregava pequenos martelos e pás às crianças. As crianças, agora munidas com os “brinquedos”, escavavam e acabavam por trazer pequenos achados ao médico. Prosseguiu com diversas escavações, não apenas em Runa, e publicou diversos artigos. Nos jardins do Palácio, na altura, Hospital / Asilo, catalogou todas as flores existentes em latim. Ele tinha muito orgulho no seu latim. Assim como na numismática. E a história. A genealogia. Os estudos humanísticos. A arqueologia. Era um homem muito culto.

Após o falecimento do Dr. Aurélio e venda do espólio ao museu, um arqueólogo alemão, Konrad Spindlerque, deu início ao catalogar de peças, atualmente muitos dos achados arqueológicos podem ser vistos no museu da cidade - Museu Leonel Trindade.

Runa, um recanto com encantos por descobrir. 

Foi também nesta pacata aldeia que se refugiou Jorge Alves, o soldado da GNR que auxiliou a fuga, entre outros, de Álvaro Cunhal da prisão Fortaleza de Peniche, durante o período do regime salazarista. Ali se escondeu, quem se lembraria de o procurarem ali...

Depois da fuga, Álvaro Cunhal terá ido para uma casa em Penedo, Sintra. 

Com indícios de já existir na Idade do Bronze, aldeia de princesas, de romanos que faziam daquele local, passagem quando vinham da zona de Óbidos - Eburobritium, para Lisboa - Olissipo.

As pequenas entradas das casas com sardinheiras vermelhas, rosa e branco ao sol. O gato deitado no muro. O cão deitado no tapete de entrada… é a vida a passar.

Lugares com alma, com alma d’gente…

Visite ainda o nosso site https://www.withsoultours.com e o nosso perfil no Facebook

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CONVENTO DE SANTO ANTÓNIO DA CONVALESCENÇA DE LISBOA

O BAIRRO DA GRAÇA