QUANDO O FADO NASCE CONNOSCO… POR SUSANA MONTENEGRO

Comecei a cantar com 9 anos, em 1986. Eu ouvia os vinis do meu pai. Na verdade, eu fechava a casa toda e cantava… decorava os fados todos.

Cantei pela primeira vez numa festa, o meu pai era marinheiro e não foi nada programado, chamaram-me e eu cantei. Cantei de coração aberto. Cantei o “Meu querido, meu velho, meu amigo”, é um fado que foi adaptado pelo Nuno da Câmara Pereira.

Cantar sempre fez pate de mim, já nasceu comigo. Com 9 anos não me fez nenhuma confusão cantar com 3 guitarras portuguesas e 1 viola. Foi ali que vi que tudo fazia sentido, fiquei apaixonada.


Na família sou a única que canta, sei que serei fadista até ao fim. Amo o fado. É importante referir que os meus pais sempre me apoiaram e levavam-me às associações ou casas de fado até atingir a maioridade. A minha mãe obrigava-me sempre a preparar-me antes de qualquer espetáculo, nem que fosse só para cantar uma música, mas tinha de ir preparada.
Eu vivia em Porto Salvo quando comecei a cantar e, fui participando em pequenos espetáculos ali nas redondezas. Fiz muito fado amador. Fiz o Natal dos Hospitais. Fui à Praça da Alegria. Trabalhei na Casa do Artista. A D. Deolinda Maria apoiou-me muito e deu-me alguns dos fados dela. Fui muito apoiada ali. Foi ali que tive um grande apoio profissional, mas, que salientar que para onde eu ia, os meus pais acompanhavam-me sempre, e sempre me apoiaram. Ainda hoje me apoiam, são os meus maiores fãs. 
Ao longo do tempo, fui sempre encontrando bons profissionais que me deram boas orientações. Além da minha mãe me obrigar a ensaiar vezes sem conta. Eu sabia no fundo que era receio, só queriam que corresse tudo bem. Foi então que a D. Deolinda Maria me encaminhou para o Professor Edgar Nogueira do “Luso” (casa de fado), no entanto, prosseguia com o meu trabalho na Casa do Artista. 
Ditou o destino… que num certo dia fosse a um jantar à Taberna del Rei, os meus amigos começaram a dizer que eu cantava fado. Cantei. Gostaram. E ali fiquei...


Em 2002 tirei a minha carteira profissional, na altura, servia para poder cantar no estrangeiro ou em alguns locais como casinos por exemplo. Estive no Canadá e fiz atuações junto da comunidade açoriana.     
Adega Machado, no Mesquita, Coração de Alfama, Severa, Nonó, Faia, Forcado, Marques da Sé, Clube de Fado são algumas das casas onde já cantei. São casas diferentes, com músicas diferentes, com músicos diferentes, com públicos diferentes, mas a alma é sempre a mesma… 
A minha filha acompanha-me desde sempre. Ela tinha 1 mês, já ia comigo a casas de fado. É a luz dos meus olhos… a minha amiga… o meu coração fora de mim… Não canta fado, ela já fez questão de dizer que deixa esse papel para a mãe. Eu fico feliz por isso!

Lugares com alma, com alma d’gente...

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